terça-feira, 19 de janeiro de 2010

good day

" A luz brilhante do sol bate a porta e não espera que lhe dêem passagem. Arromba janelas, espreme-se por frestas e gretas, invade e doma a escuridão. Enche tudo o que toca e quando enfim noto, o festim já vai longe, deixando-me só com risos, gritos e fogos. Um turbilhão de emoções embrenhando-se pelas vigas da construção. Estremecendo-lhe paredes. Enraizando-se em pisos. Um enorme banquete disposto pelo cômodo, majestoso, de grandeza leve e pura.

Penas brancas compõem pequenas asas crescentes em minhas costas. Mas essas somente batem de verdade enquanto sou convidada a entrar naquela dança por seu lindo sorriso. Minh’alma valseia pelo salão preenchendo todo o vazio antes por ele imposto. Uma brisa cálida percorre-me enquanto meus pequenos giros fazem a seda clara de meu vestido anil ganhar vida. Como as chamas agitadas de uma fogueira em princípio de noite, a plenitude trazia luz e fogo ao ambiente. Plenitude esta, óbvia, já que vista de fontes cristalinas. Águas claras que escorriam de buracos, jorravam de paredes, fugiam da prisão...

Minhas pupilas cerradas gargalham sem-vergonhas, buscando compartilhar também da euforia. Calma. Agora falta pouco.

Pequenos pássaros invadem o diminuto, porém augusto palácio com seus cantos de início baixos e serenos, mas que ganham força e podem, em segundos, ser considerados a mais bela das sinfonias. O vento fresco da manhã pinica em minha pele cobrindo-me com a protetora manta da aurora e o cheiro orvalhado e de frutos silvestres transpõe os limites físicos e toma meu ser. A procura de mais do perfume doce e sutil inspiro profundamente. Em seguida mecho-me preguiçosamente a procura de maior conforto e esfregando levemente o rosto no travesseiro finalmente meus olhos piscam atordoados e abrem-se para o deleite da mágica de mais uma manhã de verão. "