quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Setembro

No céu lá fora a lua.
Tão cheia quanto meus dias.
Tão branca quanto as lembranças daquela cor...
E agora é só o seu cheiro e a conta que me deixou aqui para pagar.
Fecho os olhos e vejo o céu negro, as nuvens poucas e pontos brilhantes que nem tem nada a me significar. Não, nenhum significado esta noite.
Só a memória de uma lua desfalecida e a certeza de um sonho a me abraçar. É, meu sonho lindo a valsear pela mesa, pelos pratos mal comidos e a toalha me servindo de vestido.
Só as noites mal dormidas e carinhos de manhã.
E então abrir os olhos e se esquecer da lua, da dança ou de qualquer toalha amassada esquecida no fundo de lugar nenhum.
É só respirar e se convencer de mais uma manhã de setembro e um mês que está difícil de deixar passar.

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Um Corredor Qualquer

E mesmo agora quando me lembro, não sei o que pensar. Você me esperando chegar até você. E eu não querendo admitir caminhar mais uma vez em sua direção. Meus passos lentos arrastavam-se pelo chão, mas levavam tão rápido o tempo que nem ao menos pisquei e estava lá. E os seus olhos tão perto, e tudo em você que eu já não queria mais lembrar. E sua boca, e suas mãos e seus movimentos. Tudo tão... E de repente você só me olhou, e só me fez te olhar. Nenhuma pergunta, nada a responder. Só você e eu. E as nossas respirações rudes a competir com exasperação.
Às vezes foram só as cores de um passado soprado há tempos, vendavandeando a nossa volta. Às vezes foram só as suas memórias frescas a me aquecer. Às vezes foi tudo o que a gente quis e nem se deu o trabalho de tentar...

Às vezes a gente só deveria continuar dormindo e se esquecer de piscar no segundo seguinte, quando tudo parece passar.