quarta-feira, 25 de maio de 2011

Caro Doutor,

E de manhã quando acordo, é a savana africana que bate em cima do meu teto. Os fios quentes me aprisionam, me acorrentam feito presa cuja morte é inevitável. E de lá eu não saio. Por decreto eu não questiono, mas quem vai me decretar? Sou só eu aqui, nova e cheia de neologismos desconcertantes. E não se esqueça de meus pontos! De minhas páginas famosas e de que vai me fazer sorrir quando te vir na fila. Não se esqueça da dedicatória e do “quem sabe aquelas questões tenham valido pelo menos para que você pudesse se redescobrir.” E do meu “obrigada e dispenso. Ps.: mas aceito os meus pontos no CR que vem pra aumentar minha média.” E o seu sorriso de agradecimento, afinal, eu assinei. Sim, e meus olhos piscam e eu finalmente acordo. Mas o sonho continua, e de manhã, ou quem sabe amanhã, eu comece a escrever...

sexta-feira, 20 de maio de 2011

Samba da Despedida

E diz que é mentira, que não aconteceu, que não é comigo, que eu posso esquecer e voltar a dormir. Diz pra mim! Diz que não sentiu, que não sente e que não vai sentir. Não sobe o meu ego não vai! Leva ele pra longe, pra baixo, pra sarjeta ou pro inferno se necessário. Inferno aliás, é inverno no Rio! Sem edredom, brigadeiro e o abraço. Aaaah, o abraço! E aquele perto que parece longe só pra acabar com a distância que sufoca na proximidade. Sufoco, aliás, é tentar se desculpar por algo que nem se fez ainda. Mas me entenda meu caro amor, eu amo assim, largado, sozinho e sem colo. Comigo e bem acompanhado, você já tem quem te ninar... E eu fujo, fujo meu bem, de colo ocupado. Não quero ocupar o lugar de quem já te pertence! Deixa o cantinho dela te acompanhar. E te largo aqui, pra voltar pro samba. Eu sei o que é um desamor, e eu sei que é pecado. Mas me entenda meu caro amor, eu amo assim, buscando um colo desacompanhado. Se quiser, vem me buscar, e nossos pés se encontram na passarela. Só não se esqueça que o fim da noite pertence ao sol e não volto pra casa com o namorado dela. Só não se esqueça que o fim da noite pertence ao sol e não volto pra casa com o namorado dela...

sábado, 14 de maio de 2011

Embriagada

Diz que vai sentir falta do meu sorriso de manhã e do quarto tão desarrumado... Mesmo que seja só pra depois se desmentir quando eu já não quiser mais falar nada. Mesmo que seja só pra arrancar um sorriso besta meu, de incrédula, lógico. Mesmo que dessa vez seja só mais uma das mentiras não sinceras que nos últimos dias eu não quis acreditar. Mesmo que seja só pra que eu possa te abraçar forte, aperto, carinho, amasso, mesmo que só desculpa... Mesmo que só mentira. Mesmo que só você. Mesmo que daqui pra frente o ‘eu te amo de manhã’ fique pra de noite, pra de madrugada, pra bebedeira e o mole do telefone em minha cabeceira. Mesmo que o meu erro tenha sido não poder mais te amar. E o seu, querer amar demais. Demais de mim. Demais pra mim. Demais de quem quer que seja que lhe tenha encontrado.

quinta-feira, 5 de maio de 2011

" E quando ele riu, eu percebi. Eu
percebi que eu estava na merda."

- Tati Bernardi

domingo, 1 de maio de 2011

Canta?

Foi hoje, quando bati na porta errada, quando eu vi a porta aberta, quando foi você quem abriu. Quando não foram seus olhos, mas meu peito que saltou para longe e não quis te encarar. E as palavras grudaram, teias em minha mente. E algo de você grudado em mim. E eu que só quis fugir... E eu que só quis correr... Mas já nem sei pra onde. E já nem sei de que...
De repente só queria aquele abraço e o beijo de despedida, leve, intenso, meu. E o sorriso bobo, e o olhar profundo. Olhos que meu lápis desenhou. Boca que me disse gostar, gostar do olhar, gostar da mão, gostar de quem riscou. Mas que tola, também deixei escapar. Por que tem que ser assim? Tão meu, tão dela. Tão longe...
E você? Que me fez sentir medo? Que me fez querer de novo a casa? Que me fez querer de novo outubro... E eu que já tinha esquecido... E ele que já nem sabe mais de quem é...
E agora assim, frio, pés, madrugada e meu sono distante que insiste em escapar. E o pesadelo de te ver nos sonhos, e a raiva dele nunca estar lá pra me salvar. E a raiva de continuar aqui, e a raiva de qualquer um que não sabe nem ao menos conversar... E o filme? E a melodia? E aquela tarde? E o sol que se foi com o céu lilás, e as mãos juntas naquela mesa de jantar, e não sei quem perguntando como ela estava... E eu que nunca nem beijei. E o beijo que queima em meu pescoço. E o 'e se' que nem me segue por aí... E o ciúmes que ela nem tem motivo pra sentir... E o pra sempre dura quanto? E aquela música que eu nem vi terminar... Canta?