Mas fazia tempo que sua mente girava por outros turnos. Que falava por outros tons e cantarolava outras canções.
As palavras continuavam em um canto escondido e meio empoeirado procurando se recompor e encontrar uma outra saída. E ela lá, com os fios bagunçados, os lábios já nem tão sorridentes assim e aqueles dedos a tamborilar sobre qualquer objeto. Intrínseca mania paranoica. Entrincheirada sobre os escombros de sua própria paz. Buscando em vão cair em correntezas que a tirassem de sua própria. Acompanhando noticiários mais pessoais que a maioria dos que cumprimentava pela rua. Cumprimentos... Sempre tão opacos e perdidos. Como se todos buscassem por respostas impossíveis de se ver no olhar alheio. Esquecendo-se dos espelhos de suas próprias almas. Esquecendo-se de ser pra quem são e mendigando respostas pra seus quadros sujos e borrocados pelas paredes.
Achando luzes vermelhas por todas as ruas, casas violadas por seus próprios criadores. Fantoches espalhando sorrisos impuros por caminhos desertos e completamente subjugados a pessoas más. Braços e pernas vibrantes de uma doença rechaçada por sua mente sã. E no meio de tanta loucura, passos combinados de pessoas carentes e submissas à exibição.
E de repente seu sorriso torto. De um de repente contínuo e obstante, perplexo e fugaz, cumpridor e piedoso. De repente a contenção de uma gargalhada insana. E de repente berros ocos. Contudo a louca que seria levada ao hospício era a mais sã das mentes presentes. E de repente o presente flagelado de toda uma civilização. E de repente só. Um só sem solidão. Um só sem dor. Um só de certeza pela insensatez de um mundo ao qual não merecia pertencer. Um só.