quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Um Domingo

- Daí você prefere acreditar na mentira dele a minha verdade?
- É... – meus olhos foram de encontro ao chão. – Pelo menos da mentira dele eu posso ter certeza... – Levantei o rosto e meus olhos pediam desculpas, desculpas que não sairiam de meus lábios. Ele me encarou de forma diferente, procurando em mim uma interrogação que só existia em sua mente. Encarou-me por alguns instantes, mas não pareceu encontrar a resposta, então se curvou como se fosse dizer algumas últimas palavras, mas desistiu, se virou e caminhou em direção a porta.
Minha garganta ficou fraca, minhas mãos e braços tremiam, mas minha boca ainda conseguiu balbuciar um ‘não’ quase inaudível que o fez virar e o grito de meu peito sair:
- Fica. Eu... Não quero ficar sozinha. Eu vou ficar louca. Só assiste comigo alguma coisa que me faça rir e esquecer um pouco tudo isso. Depois...
Ele tampou minha boca com as mãos e completou:
- Depois a gente vê como é que fica.
- Não, mas você tem faculdade... Depois você pode ir. – minha voz já quase sumia novamente e eu via o contorno sujo de meu all star balançando na semi-escuridão.
- Isso é depois... Depois a gente vê isso. – Ele me abraçou como nunca até aquele momento havia feito, e me carregou para o sofá, onde ligou a televisão.