sábado, 15 de janeiro de 2011

O Poeta Aprendiz - Vinícius de Moraes

" ... achava bonita a palavra escrita.
Por isso sofria.
Da melancolia
De sonhar o poeta
Que quem sabe um dia
Poderia ser. "

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

O mar e só

O vento lá fora continua calmo e a serenidade parece persegui-la. Carros por esquinas velhas e canções que já nem se lembra o nome. Tudo, tudo parece tão antigo quanto o princípio dos tempos. Como construções egípcias ou obras gregas. Parecem tão perfeitamente intactos todos aqueles passos por alamedas... Mas aqueles frutos que verdes viu no pé sugerem-lhe perseguição.

E ela que anda fugindo dessas remotas lembranças... Que nem ao menos lhe dão o prazer de envelhecer. Desbotar. Corroer. Cair. Romper. Abandonar. Pelo contrário, seus tempos cheios de anti-horário voltam e voltam e voltam e vão bailando uma valsa eterna de sentimentos e passos que já não lhe pertencem.

Os dias tornaram tudo limpo e a poeira que devia a tudo cobrir parece ter se esquecido de levantar. A cada manhã menos se recorda e o que era triste já nem sabe... Tem passado tanta coisa!

Contudo, as mudanças vesgas não deixam de cumprir seus destinos. E o som de sinos tilinta crescente desde a porta de casa. Segue seus rastros e ronrona sua companhia. Daí então só mais alguns passos para que ouçam gargalhadas sós com o mar. Gargalhadas sós e o mar. Gargalhadas sós e o mar. O vento batendo forte sobre os cabelos e a água que torna o corpo ilha sem arquipélago. O mar e sós, gargalhadas deixam de ecoar.